Como mencionamos anteriormente, vamos nos deparar com diversos perfis durante nossas aulas. Diante disso, separamos os tipos mais comuns, algumas ferramentas e observações sobre cada um deles.
Visual
Talvez o aluno com maior potencial de aprendizado em uma aula cheia, desde que as demonstrações sejam feitas de forma clara. O aluno visual vai responder bem a qualquer estímulo técnico bem demonstrado. Basicamente, ele não vai “ouvir” palavra alguma que você fala, bem como comandos de voz em tons diferentes. Ele vai sempre aprender por “imitação” ou mímica. Aqui fica a importância de termos uma biblioteca grande de gestos e estímulos visuais, pois SEMPRE teremos esse perfil de alunos nas aulas.
Como o processo de aprendizagem dos alunos Visuais se dá por meio do que eles estão vendo, é importante que o Coach líder da aula demonstre os exercícios em mais de um plano. O ideal são 3 – Frontal, lateral e Diagonal. Dessa forma, será mais fácil para esse aluno identificar todos os pormenores de determinado movimento. Outra observação importante: o Coach deve identificar quaisquer obstáculos que estejam no campo de visão dos alunos, e mudar a disposição da turma se necessário. Caso a aula tenha Coaches assistentes, eles devem tomar cuidado para não se interporem entre o aluno e o Coach líder, atrapalhando o entendimento visual e consequentemente a progressão da aula.
Na etapa de demonstração, é crucial que o Coach líder demonstre os exercícios com vigor ou “expressão” necessários para que o aluno visual entenda qual parte do corpo utilizar, a quantidade de força a ser empregada e para onde iremos gerar o estimulo. Como partimos sempre do CORE para as extremidades, exagere na demonstração, mesmo que seja sem sobrecarga. Já na etapa de correção, é fundamental que você se certifique que o aluno está totalmente focado em você. Tenha a atenção visual do seu aluno, aponte, utilize gestos vigorosos e faça o exercício junto com ele durante algumas repetições. Dessa forma, o entendimento será mais rápido e a consistência vai ter uma melhora significativa.
[caption id="attachment_1088" align="aligncenter" width="800"] Coach Dan - Tipos de Aluno-min[/caption]Auditivo
O aluno Auditivo nos mostra a importância de termos o tom de voz certo e o controle total do ambiente de aula, pois ele não está “vendo” nada, apenas ouvindo. Por mais que demonstremos um exercício com maestria, não será suficiente para o aluno Auditivo. Ele precisa de estímulos sonoros para “entender” o que precisa fazer. É importante então, que em uma aula mais técnica, tenhamos silêncio ambiente – música mais baixa ou zerada, equipamentos parados (air bike, remo, pesos caindo no chão) e que a conversa exterior se restrinja ao ambiente de recepção ou fora da área de treino.
Já que usaremos comandos, descrições e dicas verbais, é de suma importância que o Coach líder tenha o tom de voz adequado para cada situação, mas que durante toda a aula seja compreensível em qualquer ponto da área de treino. Lembre-se, o aluno que está no fundo não tem culpa e deve ter o mesmo acesso às instruções de quem está na frente. O ideal é que se utilize um tom ameno, porém firme, nos momentos iniciais de aula. Depois de algum tempo em posições desconfortáveis ou exercícios extenuantes, podemos mudar o tom de voz, pois é o momento quando começa a falta de atenção devido à fadiga neuro motora. Comandos firmes e dicas curtas farão toda a diferença neste momento. Também devemos nos concentrar em utilizar comandos verbais curtos, eficientes, que corrijam e mostram o caminho a ser seguido. Uma boa ferramenta é visualizar a aula com antecedência e pensar em comandos e dicas que poderiam ser utilizados, com fácil entendimento mesmo em um ambiente controlado de “caos” sonoro.
Sinestésico
Sem entrar em detalhes sobre a sinestesia, resumiremos como o aluno que precisamos encostar. Basicamente, ele confunde todos os sentidos, fazendo com que ele não “veja” o que estamos demonstrando e que não “ouça” o que estamos falando. Este aluno costuma ser o mais difícil para ensinarmos padrões de movimentos, e requer certos cuidados e uma conduta diferente.
Por ser minoria entre os nossos alunos do dia a dia, este perfil demanda mais atenção, e durante mais tempo. Se possível, é importante que ao menos um Coach assistente permaneça perto do aluno sinestésico. Ele precisa sentir que está sendo monitorado e que os esforços estão sendo conduzidos para que ele tenha um bom aproveitamento da aula.
De todos os perfis de aluno, o sinestésico é o único que precisa que tenhamos contato físico. No entanto, isso precisa ser feito de forma consciente, ética e com cuidado. Um detalhe importante mas que muitas vezes passa desapercebido é que cada indivíduo possui um círculo imaginário, o qual não devemos ultrapassar. Para podermos “encostar” em alguém, principalmente no ambiente de sala de aula, é preciso que haja confiança de que um trabalho sério está sendo desenvolvido. Algumas formas de demonstramos isso é utilizar a dica tátil apenas se necessária. O toque ou dica tátil precisa acontecer sempre com firmeza e somente nos pontos que precisam ser ajustados. É fundamental que o aluno entenda que tudo aquilo está sendo feito para auxilia-lo, e não com segundas intenções, principalmente em interações de pessoas de sexos diferentes.
Por Daniel Martins